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“Perfil do eleitor brasileiro”

Doze anos após a implantação das urnas eletrônicas, 52% dos eleitores brasileiros ainda desconfiam de fraudes e dos resultados das votações. Uma pesquisa feita pelo Vox Populi, a pedido da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), mostra que grande parte dos votantes desconhece regras básicas do sistema eleitoral. Um a cada cinco entrevistados declarou, por exemplo, que os políticos têm como descobrir o candidato escolhido e 73% disseram que o voto pode causar a perda do emprego.

A sondagem “Perfil do eleitor brasileiro”, divulgada ontem em Brasília, ouviu 1.502 pessoas maiores de 16 anos em todos os estados do país, entre 27 de junho e 6 de julho. “Os resultados mostram que as pessoas ainda carecem das informações mais elementares”, diz o juiz-auxiliar da presidência do Tribunal Superior Eleitoral, Marlon Reis. A confusão ocorre principalmente quanto à segurança do sistema e às atribuições dos cargos eletivos.

Alguns dados comprovam mitos explorados pelos políticos. Para 42% dos eleitores, é obrigação de um vereador pagar despesas de hospital e de enterro para pessoas necessitadas. Outros 40% sabem que isso não é função do parlamentar, mas afirmam que deveria ser.

“Está patente a necessidade de uma profunda reforma política”, declarou o presidente da AMB, Mozart Valadares Pires. Sem isso, segundo ele, o votante permanece sem saber exatamente quais são as regras do jogo. No total, apenas 10% escolhem seus candidatos pelo partido, contra 76% pela pessoa em si, o que vai contra os princípios da eleição proporcional.

Amparado pelo estudo, o magistrado posicionou-se favoravelmente ao fim do voto obrigatório. A pesquisa mostrou que 51% dos entrevistados participariam das eleições com certeza, mesmo a decisão fosse facultativa. Outros 11% disseram que provavelmente iriam votar.

Outras informações foram tratadas com otimismo – como os 89% que disseram condenar a troca do voto por alguma ajuda pessoal.

Na mesma linha, 68% acreditam que o voto é capaz de mudar a vida das pessoas, para melhor ou para pior. Além disso, 69% afirmaram desconhecer casos de compra de votos. Outros 72% declararam saber que existe uma lei contra venda de votos e 60% denunciariam esse tipo de irregularidade.

“Sabemos que o eleitor está votando cada vez mais com consciência, mas que ainda há muito pela frente”, disse o secretário-geral da AMB, Paulo Henrique Machado.

A pesquisa faz parte da campanha Eleições Limpas, mantida pela entidade desde 2006. A associação também foi responsável pela ação no Supremo Tribunal Federal (STF) que tentou impedir a candidatura dos “fichas-sujas”. O STF desconsiderou o pedido na semana passada.

Gazeta do Povo 13.08.08

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